Jin, Shari e Uro : Testemunhas do Tempo
Galera do bonsai, em pesquisas sobre bonsais, achei uma matéria muito bem feita no arte bonsai e resolvi colocar aqui no blog, uma vez que a matéria é excelente, confiram!!!!!
Os trabalhos de madeira morta têm como objetivo principal adicionar características de idade ao bonsai. Árvores centenárias normalmente tem marcas e cicatrizes das adversidades a que foram submetidas durante a sua longa existência, especialmente nas espécies que originalmente crescem em regiões de extremos climáticos.
| |||
| |||
Os ciclos climáticos anuais promovem diferentes taxas decrescimento. Desta forma a madeira formada em um período de crescimento acelerado tem estrutura e dureza diferentes da formada em um período de crescimento mais lento. Quando uma área morre e o cerne fica exposto, a madeira se fragmenta e degrada de forma irregular, tanto pela variabilidade das ações climáticas tanto pelas diferenças em sua resistência.
Para reproduzirmos estas “cicatrizes” em nossos bonsai, adicionando desta forma a aparência de mais idade, precisamos agir na madeira criando padrões irregulares de desgaste, mas conhecendo e respeitando as características da madeira. Devemos observar e agir nos sulcos e nas áreas de surgimento de novos galhos de formas diferentes, criando uma textura evidente, mas suave.
| |||
| |||
Mas se a madeira das coníferas tem degradação rápida, por quê os jin e shari são mais comumente encontrados e utilizados nestas espécies, especialmente os Juniperus? As razões são várias:
As coníferas ocorrem naturalmente em regiões de clima adverso, estando portanto mais suscetíveis a perdas de galhos e grandes áreas do tronco.
Nestas áreas, a degradação da parte morta ocorre pela ação de ventos fortes que lançam partículas na madeira exposta, causando sua lenta esfoliação. Entretanto, esta mesma ação que desgasta também protege, mantendo a madeira limpa e impedindo uma ação mais efetiva de microorganismos que provocariam sua degradação mais rápida. Por este motivo, a madeira dos maravilhosos Juníperus oriundos de yamadori, precisa ser cuidada para que dure no bonsai tanto quanto duraria na natureza, na sua região original de ocorrência.
Em outra situação, poderemos algumas vezes utilizar uma espécie de folha menor para representar uma árvore de uma espécie semelhante de folha maior, para um efeito mais natural. Poderá ser preciso adicionar características de madeira morta comuns na espécie que representamos, mas menos comuns na espécie cultivada. Explícito ou não a pouca ocorrência destas características em determinada espécie não deve ser utilizada como empecilho na sua representação em nossos bonsai, desde que utilizadas com bom senso e condizentes com o estilo escolhido.
O mais importante é o conhecimento do comportamento da madeira para que o resultado final passe a impressão de uma ocorrência natural.
| |||
O bonsai nos conta uma história: Juniperus rígida em estilo fukinagashi ou varrido pelo vento. | |||
“A árvore cresce onde existe um vento relativamente forte e constante que sopra durante todo o ano em uma única direção. Robusta, durante alguns anos consegue crescer razoavelmente ereta e enviar galhos em todas as direções mas os que tentam crescer contra o vento desenvolvem-se pouco. Em um determinado ano, uma forte tempestade quase arranca a árvore do solo. As raízes de um lado ficam expostas provocando a morte de toda a área correspondente.
| |||
Com o passar dos anos o vento lança detritos, desgastando e polindo. São formados orifícios e grandes sulcos sinuosos, polidos mas levemente texturizados pelo desgaste irregular dos pequenos veios.
| |||
| |||
A madeira ressecada trinca seguindo o mesmo padrão. O aspecto é fantástico, especialmente pelo contraste criado com a parte viva que teimosamente insiste em crescer.”
| |||
Mesmo tratanto-se de uma estória, pois o bonsai foi artificial e integramente criado pelas mãos do artista Fernando Magalhães, poderia facilmente ser uma história real de uma heróica árvore centenária, como muitas que crescem em condições adversas.
Muitas vezes de forma inconsciente, é pensando em contar uma história verossímil que o artista conseguirá criar artificialmente belos trabalhos de madeira morta de aspecto extremamente natural. Logicamente o tempo é um excelente aliado, mas a utilização moderada dos agentes de preservação, permitindo alguma ação de degradação, acelera a formação dos aspectos sutis de envelhecimento que promovem uma maior aparência de naturalidade no trabalho final.
| |||
| |||
| |||
Uma das espécies nativas em que é maior a ocorrência natural de madeira morta, esta árvore, que pode crescer como trepadeira buscando apoio nas fazes iniciais de crescimento, apresenta naturalmente grandes ocos (uro) em exemplares de todas as idades.
| |||
>
| |||
| |||
<><><><><><><><> <><><><><><><><><><> <> <> <><><><><><><><> <><><><><><><><><><> <><> <><> <><><><> <>
| |||
Observando sempre a obtenção da naturalidade na representação artística, os elementos de jin, shari e uro, serão excelentes aliados na caracterização de idade avançada no trabalho do bonsai, inclusive em várias de nossas nativas. Créditos a www.artebonsai.com.br. |
Muito bom Douglas!!!
ResponderExcluirSempre adimirei muito belos trabalhos de Jin, Shari e Uro como os apresentados no seu post.
E como diz a matéria, eles contam uma história que particulariza a árvore e o trabalho!!!
Parabens e Hapki!